segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Depois do horizonte



O cerrado parece perdido no tempo. É uma imagem diferente e imprevista do sublime. Os tratados de estética falam do sublime como o que impressiona os sentidos, mas está além da imaginação. Seja por sua grandiosidade, seja por ser inumerável. Mas o cerrado é repleto de miniaturas. O céu é imenso e nunca é o mesmo, e isso é sublime. Mas cria um contraste difícil de ser classificado, com as figuras diminutas que o habitam.
Deixemos de lado os tratados de estética: uma nossa senhora diminuta com oferendas a seus pés. Seu olhar parece morto, mesmo assim ela oferece proteção. Olhar para ela e depois para a estrada é um convite para colocarmos a vida em movimento, entre as escalas das miniaturas contorcidas e o horizonte que se abre mais e mais junto com a velocidade. Depois do horizonte, diz o mito, jaz a verdade, onde o que existe é íntegro em si mesmo. Mas, viajemos por aqui, entre essas árvores, onde a história acontece, cheia de sutilezas, de desencontros, de promessas nunca realizadas mas que são belezas em si mesmas.
Daniel Faria

Nenhum comentário:

Postar um comentário